"A inteligência da criança observa amando e não com indiferença - isso é o que faz ver o invisível." | Maria Montessori

Leite da Terra


Na reunião em que abordamos a questão do Consumo e Infância foi servido o Leite da Terra, e muitas mães pediram a receita. Aqui vai, não somente a receita, mas a explicação do que é, para que serve, e porque faz bem!



do livro Lugar de Médico é na Cozinha, Dr. Alberto Peribanez Gonzalez


O leite da terra é o eixo central da culinária viva, com características sinérgicas, probióticas, nutracêuticas, fitoterápicas e nutricionais. Um copo de leite da terra (300 mL) supre necessidades calóricas e protéicas por períodos de até três horas. Dependendo das sementes, até gorduras são oferecidas. Deve ser bebido em jejum, diariamente. Na necessidade, por motivo de doença, pode ser o alimento único, podendo ser bebido até 10 vezes ao dia ou utilizado como dieta enteral.

É composto por 100% de água estruturada. Esse néctar não recebe sequer uma gota de água na forma mineral em seu preparo. Todo seu conteúdo hídrico vem da estrutura dos ingredientes utilizados. Trata-se de pura água biológica e coloidal. É a água da vida.

O uso de verduras orgânicas e autênticas garante a oferta variada de diversos pré e probióticos diariamente, sendo assim o probiótico natural de eleição. Deve-se usar as verduras orgânicas disponíveis, sejam orgânicas ou selvagens. As ofertas de fibras vegetais microscópicas, biomoduladores, oligoelementos, vitaminas, minerais e co-fatores são em grande fartura, levando à manutenção de um "estoque cheio" desses nutracêuticos.

É rico em enzimas ativas e agentes alcalinizantes. Tem flagrantes efeitos gatrintestinais, pelo reparo contínuo das mucosas e redução da acidez gástrica. Por ser veículo de fibras microscópicas vegetais cruas e vivas torna-se um excelente regulador do ritmo intestinal. as bactérias probióticas atuam tamém nessa direção ao promover a acidificação seletiva e salutar do intestino distal (íleo e cólon). Esse simples efeito é capaz de inibir bactérias cujos produtos são cancerígenos.

É a bebida de eleição para se iniciar na prática da alimentação viva. Se preparada adequadamente é e deve ser uma bebida deliciosa. O gosto é equilibrado, nem doce nem amargo, vivo sempre, frutado ou encorpado, a critério do preparador. a fruta base do leite da terra é a maçã. os que necessitam manter níveis glicêmicos baixos devem preparar o suco com base no pepino, dispensando também a cenoura e a abóbora. Deve-se medir a glicemia, se possível, para avaliar o impacto glicêmico e reduzir gradualmente as hortaliças glicemiantes.

A maçã, abóbora e cenoura conferem sabor doce, sendo importante na iniciação de crianças (e adultos) ou quando adicionamos ervas medicinais cruas. Algumas dessas plantas são extremamente amargas e devem ser adicionadas vagarosamente, para acostumar o paladar. Aqui iniciam-se as receitas vivas que não seguem uma fórmula exata, mas uma filosofia de vida.


LEITE DA TERRA | Doce

 Ingredientes 

HORTIS (300 gr para 2 pessoas)
 1 pepino
1 cenoura (ou inhame, ou mandioca, ou abóbora, ou yakon)
1 pedaço de cacto palma
folhas: chicória, alface, couve, almeirão, salsa, manjericão, bertalha, poejo, morango
flores - 1 por pé: capuchinha, abóbora, batata, quiabo, almeirão, cidreira, limoeiro, laranjeira, jambo

FRUTI
4 maçãs fuji

SEMENTES GERMINADAS (Total de 200gr para 2 pessoas)
trigo, amendoim, alpiste, centeio, cevada, amendoim, girassol, abóbora, gergelim, linhaça

Para saber como germinar sementes, assista aqui.

TEMPEROS
hortelã, erva-cidreira, erva-doce, capim-limão, folhas de limoeiro e laranjeira

Preparo

Bater no liquidificador as maçãs e os ingredientes fornecedores de água (pepino, cacto, cenoura) com as hortaliças mais fibrosas. Coar com auxílio de pano fino (voal, algodão), voltar ao liquidificador com as sementes e as hortaliças restantes. Coar, espremendo bem, orar, oferecer e beber pelo resto da vida.


Coador de Voal

O coador de voal é a melhor forma de coar os leites vegetais por não deixar passar nenhum resíduo e ser mais higiênico que os coadores de pano convencionais. São vendidos em lojas de alimentos naturais, porém se não encontrar é só ir em uma loja de tecidos e comprar um pedaço desse pano e fazer da seguinte forma:
1 – Em um pedaço de aproximadamente 50cm x 50cm de pano tipo voal, recorte um círculo.
2 – Acenda uma vela e passe a borda do círculo perto da chama. Esse “acabamento” evitará que o pano desfie.
3 – Com um incenso aceso, faça pequenos furos ao redor do círculo, com um espaço de cerca de dois centímetros a partir da borda.
4 – Passe um elástico grosso (aqueles de formato redondo) pelos furos, trançando, e de um nó nas pontas.





Comunicação Não Violenta


Maria Montessori já preconizava, há 70 anos, a importância da educação para a paz, sendo esta essencial para a superação dos conflitos que há tempos angustiam e agonizam a humanidade: guerras, intolerância, desigualdades sociais.

Vivemos, hoje, um ponto crucial na nossa história: vários exemplos nos foram dados sobre como nos tornarmos seres verdadeiramente pacíficos, dispomos de materiais e técnicas que abordam metodologias e dinâmicas sobre como podemos nos comunicar de maneira a nos fazermos entender e compreendermos o que o outro nos coloca, os benefícios de uma postura compassiva - logo, cabe a nós, exclusivamente, a responsabilidade e a iniciativa de, nas palavras de Mahatma Gandhi, "sermos a mudança que queremos para o mundo". Na educação montessoriana a comunicação não violenta é uma premissa básica para todos os relacionamentos: entre educadores e crianças, pais e educadores, pais e filhos.

O material disponível abaixo é muito simples de se ler, e grandioso para se compreender - para fazê-lo, é necessário que resgatemos dentro de nós nossa criança interior. Montessori disse que "A criança tem um poder que nós não temos: o de construir o homem por ela mesma".

Sejamos dignos desta tarefa.


Despertando para a Alimentação Viva

Enquanto preparamos nossos relatos sobre as primeiras atividades com Alimentação Viva na Escola Montessori de Campinas, deixamos os inspiradores vídeos abaixo, todos eles entrevistando a Prof.ª Ana Branco, a quem agradecemos profundamente o compartilhamento do seu conhecimento aqui.
 






Educação do futuro no presente ao seu alcance

Artigo escrito para o jornal "Estilo Vida" em novembro de 2005


Como saber o que é melhor para nossos filhos? Qual a melhor educação? Melhor escola? Essas perguntas ecoam na cabeça de todos os pais que já enfrentam as dificuldades do mercado de trabalho e gostariam de amenizar o sofrimento dos filhos na hora que eles tiverem que buscar suas próprias conquistas e ainda serem felizes!

Parece impossível saber a resposta para um futuro que a princípio está tão distante, mas se dividirmos essa questão em partes talvez possamos encontrar a resposta.

Começando pelo fato de que a melhor maneira de nossos filhos serem felizes é com certeza fazendo aquilo que gostam. Imaginando uma criança antes dos sete anos acreditamos que ela só quer brincar para ser feliz. Realmente brincar é essencial para uma infância saudável, mas seu filho está num período de grande necessidade de aprendizado e é capaz de buscar sua própria educação quando encontra uma sala de aula com materiais que trabalhem seu conhecimento concretamente.

Na educação do futuro você tem estes materiais. Numa sala de aula desenvolvida pela Dra. Maria Montessori você encontra atividades que ensinam desde grande e pequeno até a leitura e escrita. Essas atividades ficam a disposição do seu filho para que ele escolha o que deseja aprender na hora que ele quiser aprender.


“- Ah! mas meu filho não vai querer aprender nada, vai ficar brincando...”



Toda criança deseja aprender, é um movimento subconsciente, o que chamamos de período sensível, que deve ser explorado por ele na hora certa, com os materiais corretos.


“Então meu filho está feliz por que está fazendo o que ele quer. Mas isso não basta para que ele conquiste seu espaço.”

Realmente, ele precisa saber conviver com os outros, saber interagir, se colocar e ouvir seus colegas admitindo que sabe mais que uns e menos que outros sem ter frustrações e ainda aprender com isso. Na educação do futuro você tem uma sala de aula com idades misturadas. Crianças de 0 a 3 anos, 3 a 6 anos, 6 a 9 anos, 9 a 12, 12 a 15 e 15 a 17/18 aprendem que seus colegas mais velhos podem ser excelentes professores e bons exemplos; os mais velhos, por sua vez, ganham auto-estima, confiança e segurança na hora de ensinar um conteúdo que já haviam aprendido. Isso acontece numa sala montessoriana. O tempo inteiro seu filho estará interagindo com seus colegas. Ele tem a responsabilidade de escolher sua atividade e terminá-la, mas pode circular livremente dentro deste ambiente saudável conquistando amigos e construindo seu lado social e emocional. Essa convivência traz um ambiente de muito amor e respeito direcionando seu filho na busca da educação para a paz. Um dos princípios básicos de uma escola Montessoriana e uma necessidade eminente no planeta em que vivemos.


"Meu filho já faz o que gosta, já sabe conviver e respeitar seu colega mas ainda não come nada, seu quarto está sempre uma bagunça e eu gostaria que ele se preocupasse com a natureza para garantir que haverá vida no planeta além da humana!”

Na escola do futuro a preocupação do indivíduo como um todo é primordial. Numa escola Montessori tudo tem seu lugar e sempre que a criança utiliza um material ela o guarda onde estava, do jeito que estava e com isso trabalha seu senso de ordem. Existe uma área chamada de vida prática na qual a criança aprende a cuidar de si, cuidar dos animais e plantas da escola e ainda na área de ciências e geografia existe toda uma preocupação com o meio ambiente.

E o educador, faz o quê?

O papel do educador é essencial na escola do futuro. Sua função é ser um modelo de conduta, interagir quando solicitado permitindo que seu filho conquiste a auto-educação com muita alegria e consciência do que está buscando para si.

No mundo inteiro as Escolas do futuro estão em alta. O número de seguidores da Dra. Maria Montessori aumenta a cada dia. Está na hora do Brasil despertar para esta educação do futuro!




 








Camila Isola Guimarães, pedagoga licenciada pela UNICAMP, diretora da Escola Montessori de Campinas e mãe do Pedro, do João e da Helena





Imagem Cacá Dominiquini





Bater ou não? Eis a questão


Artigo escrito para o jornal "Correio Popular" no ano de 2005


Como mãe, diria que nós pais temos nossos limites de paciência e somos seres humanos imperfeitos, que erram. Essas seriam duas “boas” razões para batermos em nossos filhos.

Como pedagoga, responderia que infelizmente nossa paciência é abalada por todos os acontecimentos em nossas vidas, mas nem sempre podemos “explodir” de raiva demonstrando o fim desta paciência, como por exemplo, no trabalho. Com nossos filhos, seres diretamente subordinados a nós, que não conseguem retrucar nossas ações mais rudes, pelo menos até uma certa idade, temos o poder, que nós mesmos nos instituímos, de aumentar o tom de voz, gritar, berrar, beliscar, puxar orelha e até bater, ficando a nosso critério, a maneira que devemos expor nossa raiva.

Como seres humanos, podemos errar repetidamente sem culpa, se não soubermos que estamos errando e quais as conseqüências que esses erros trarão para nós, para nossos filhos e, principalmente, para nosso relacionamento com eles.

Acredito que não há melhor educador de uma criança que seus pais, mas com o distanciamento que vemos ocorrer entre pais e filhos nos dias atuais, muitos pais se vêem perdidos, sem ter a mínima idéia de como educar seus filhos. Neste sentido, nós pais, precisamos nos educar, e tentar compreender melhor cada uma das fases dos nossos filhos, e assim, supri-los da melhor maneira possível em suas diversas necessidades.

Tenho certeza que a maior necessidade dos nossos filhos é a de receber amor. Sabendo disso, e apesar de continuarmos sendo seres humanos imperfeitos e que erram, precisamos nos lembrar, que também somos ditos racionais e nossos filhos são da mesma espécie.









Camila Isola Guimarães, pedagoga licenciada pela UNICAMP, diretora da Escola Montessori de Campinas e mãe do Pedro, do João e da Helena





Imagem Cacá Dominiquini